Uma Igreja comprometida – com o primeiro amor

Autor: Pastor Ivo Lidio Köhn

 

Uma Igreja comprometida – com o primeiro amor

 

Na carta à Igreja de Éfeso em Apocalipse 2.4 o Senhor diz: “Tenho, porém, contra ti que abandonaste o primeiro amor”. O que estava acontecendo em Èfeso?  Permita-me, caro leitor, usar a ilustração de uma fogueira. Enquanto está aí a lenha amontoada, uma vez acesa, as labaredas do fogo se tornam altas transmitindo luminosidade e calor aos que estão ao redor, mas à medida que a lenha queima a intensidade do fogo diminui, a não ser que alguém abasteça com nova lenha a fogueira. Quando há um reavivamento na Igreja ou no coração do crente, há um amor intenso, um fervor e zelo por uma vida santificada e reta, há empenho no testemunho e serviço do Senhor. Se não houver comunhão constante com Deus na palavra e oração, assiduidade à comunhão dos crentes nos cultos e atividades da Igreja, aquele primeiro fogo, aquele primeiro amor diminui e corre o risco de apagar. O que corta essa comunhão é o pecado, motivo pelo qual o Senhor diz logo no versículo seguinte (Apocalipse 2.5): “Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta…”.

A Igreja de Cristo está comprometida com esse primeiro amor. Em 1. João 4.19 diz: “Nós amamos porque ele nos amou primeiro”. E esse primeiro amor Deus nos provou ao enviar seu Filho a este mundo em forma de criança para assumir nossa natureza, viver entre nós e sentir na pele tudo que nós enfrentamos, para então morrer por nós lá na cruz do Gólgota e pagar assim nossa culpa diante do Pai. O que é esse primeiro amor na prática da Igreja nos é revelado e mostrado através da Igreja primitiva em Atos 4.32: ”Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum.” A Igreja precisa ensinar, pregar e motivar a todos para que a chama da sua fé seja conservada, sua espiritualidade seja nutrida e todos cresçam no conhecimento da verdade.

Uma Igreja comprometida com o primeiro amor é aquela: que reconhece sua dependência daquele que a amou primeiro e se mantêm nessa dependência com profunda fidelidade; que mantêm uma mensagem cristocêntrica não tirando e nem acrescentando um til sequer ao Evangelho revelado; que não faz distinção de pessoas e cuida especialmente dos mais carentes e necessitados; que não se deixa envolver por ondas de modismos, os quais são ventos e às vezes até tempestades passageiras que podem causar muito estrago; que chora com os que choram e se alegra com os que estão alegres; que vigia para que o fogo não apague.

O amor precisa revelar-se em ações, ser provado nas atitudes do dia a dia. Aquele membro que demonstra pouco interesse de estar com seus irmãos na casa do Senhor, enquanto tem condições para isso, revela com essa atitude que seu amor é muito pequeno, que a lenha já queimou e talvez restassem apenas algumas brasas embaixo das cinzas. Enquanto há brasas existe esperança de reacender a fogueira. A ganância, a cobiça, o materialismo, o egoísmo têm tomado conta das pessoas e com eles o amor genuíno e puro tem desaparecido. O apóstolo Paulo escreve no capítulo do amor, em 1. Coríntios 13:1-2:” Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei”. Veja caro leitor, a supremacia do amor! Sem amor não há plenitude de vida. Uma Igreja sem amor é uma entidade fria e morta, apenas uma sociedade estruturada, um órgão prestador de serviços.

A Bíblia compara a relação do crente com Cristo, da Igreja com sua cabeça, com a relação matrimonial. Se o amor conjugal não for nutrido e alimentado com muito carinho, palavras de compreensão, palavras de estímulo, auxílio mútuo etc. a relação conjugal se tornará seca, mecânica e correrá o risco de quebrar. Da mesma forma também aquela relação. Nutrir esse amor não significa andar sempre abraçados e aos beijos em público, mas ser solidário um ao outro em todos os momentos, servindo um ao outro e preocupando-se cada um mais com a felicidade do outro do que com a própria. Podemos observar que nem sempre os que chamam a atenção em público com esse comportamento realmente são assim unidos em casa; geralmente o fazem para tentar manter as aparências e enganarem-se a si mesmos. Arrisco-me a dizer que nem sempre o grande barulho, os “Aleluias” e “ Glórias a Deus” são prova de amor e espiritualidade na relação da Igreja, da noiva, com Cristo, o noivo. Em 1. Reis 19.11-13 lemos: “Disse-lhe Deus: Sai e põe-te neste monte perante o Senhor. Eis que passava o Senhor; e um grande e forte vento fendia os montes e despedaçava as penhas diante do Senhor, porém o Senhor não estava no vento; depois do vento, um terremoto, mas o Senhor não estava no terremoto; depois do terremoto, um fogo, mas o Senhor não estava no fogo; e, depois do fogo, um cicio tranqüilo e suave.Ouvindo-o Elias, envolveu o rosto no seu manto e, saindo, pôs-se à entrada da caverna.” É no andar tranqüilo, confiante nas promessas do Senhor, na obediência e submissão aos seus mandamentos, na prática das boas obras como frutos da fé que os outros verão e sentirão o primeiro e único amor dos filhos de Deus.

O clima natalino já está começando. Pena que todo o brilho externo e humano do Natal, seu lado comercial ofusca tanto o brilho do amor de Deus que emana da criança de Belém. Como Igreja precisamos zelar para que a prova do amor de Deus, o menino Jesus, e não o Papai Noel, os presentes, as ceias natalinas estejam no foco desses dias. ”Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (“João 3.16)” Ame a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”. Esse é o maior de todos os mandamentos. Nada e ninguém poderá nos separar do amor de Deus em Cristo Jesus (Romanos 8.38-39). Lutemos para que jamais esse amor apague em nós!

 

 

                           Pastor Ivo Lídio Köhn