Autor: Pr. Ivo Lidio Köhn
A definição comum de JUSTIÇA é “dar a cada um (a) o que lhe é devido”, ou “ dar a cada um(a) o que é do seu direito”. Na sociedade humana, quando alguém comete o crime de roubar e é apanhado para ir a julgamento, é condenado a cumprir uma pena. Esta é a justiça dos homens. Se o indivíduo se arrepender do ato cometido, a pena pode ser encurtada e até perdoada. Mas o crime nunca é perdoado, pois o seu registro fica no cadastro do indivíduo.
Mas se estivermos a falar da justiça divina, o caso apresenta algumas mudanças. O mesmo crime (ou pecado) de roubar, ou qualquer outro pecado (ou crime), é condenável e condenado. No entanto, o crime pode ser perdoado – apagado – na sua totalidade, através do perdão. E mais ainda se ao perdão se seguirem boas obras, obras de amor. É impossível a um ser humano compreender a justiça de Deus através de um raciocínio racional e mundano. A justiça de Deus baseia-se no amor, algo a que as nossas leis humanas não obrigam. É que, o amor, é para os homens muito mais do que dar a cada um o que lhe é devido. Mas para o Deus dos cristãos, o amor é o que devemos ao próximo, a todo e cada próximo. É uma justiça muito mais exigente e difícil de expressar em palavras e praticar.
Uma definição simples da justiça divina é que ela é o atributo que reflete a integridade moral de Deus. A justiça de Deus não inocenta os culpados, por mais escondidos que eles estejam, nem culpa os inocentes, por mais caluniados que eles sejam. Deus é onisciente e conhece a dimensão exata da nossa culpa, e também sabe quando alguém está transferindo sobre outrem uma falsa culpa. Assim, quando Adão lançou a sua acusação contra Deus e sua esposa, pelo seu pecado, o Senhor puniu todos segundo a culpa de cada um. Não há injustiçados nem omissões no tribunal divino.
Se Deus não fosse justo em seu governo não poderia haver organização sobre a terra e nem uma História universal. Os homens já há muito se teriam tornado feras selvagens e se teriam destruído uns aos outros. Assim mesmo, a História universal não é o juízo universal e nem “toda a culpa é paga sobre a terra”. Pelos textos a seguir percebemos que a justiça de Deus continua sendo um artigo de fé: “Será, então, que Deus não vai fazer justiça a favor do seu próprio povo, que grita por socorro dia e noite? Será que ele vai demorar a ajudá-lo? (Lucas 18.7) “Eles gritavam com voz bem forte: Ó Todo-Poderoso, santo e verdadeiro! Quando julgarás e condenarás os que na terra nos mataram?”(Apocalipse 6.10).
A justiça de Deus tem motivo certo e medida certa. Embora a santidade ofendida seja de grau infinito, exigindo uma punição eterna, ela não será aplicada nos escolhidos de Deus, pois, esta punição foi colocada no amado Filho, sobre a cruz. Mas, por causa do seu redentor propósito eterno, Ele decidiu condicionar o Seu perdão ao nosso arrependimento (At 3. 19). Ele nos pune para manifestar a sua glória, sem excessos, corrigindo e educando-nos para vivermos a Sua santidade, à imagem de Cristo.
A justiça de Deus não é negociada, não é comprada, nem é subornada. A sua justiça muitas vezes, ao nosso parecer, é lenta: porque ela não está a serviço de poder econômico algum, de poder político algum, de religioso algum. Deus é independente de qualquer necessidade e absoluto em suas decisões. Nada pode intimidá-lo na aplicação da sua justiça. Ninguém pode manipular os resultados dos seus juízos, nem torcer os padrões da sua retidão.
Deus retribui a cada um segundo a sua medida.
A justiça de Deus separa o falso do verdadeiro, o joio do trigo, o fingido do autêntico, o condenado do perdoado, o incrédulo do crente, o perdido do salvo. A justiça de Deus coloca de um lado as boas obras realizadas para conquistar a sua benevolência e do outro, as boas obras produzidas pelo coração purificado e agradecido. Deus não erra em suas sentenças, bem como é exato em suas recompensas.
A justiça de Deus traz à tona os pecados não confessados nem abandonados, e joga no lixo os pecados arrependidos. A justiça de Deus é terrível para aqueles que amam mais a impiedade do que a Sua santidade. Ela se manifesta agora de forma esporádica e há de se revelar no futuro próximo de forma conclusiva. É o que chamamos de juízo final! A Escritura declara em tom absoluto e solene: “Deus é justo juiz, Deus que sente indignação todos os dias” (Sl 7. 11). Por essa razão não nos cabe fazer justiça com as próprias mãos conforme Romanos 12.19: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor”.
Pastor Ivo Lídio Köhn – Presidente