Autor: Pr. Ivo Lídio Köhn
As palavras: assentar, caminhar, levantar, deitar falam de coisas simples e corriqueiras do dia a dia, enfatizam a convivência, o relacionamento. Ensinar e aprender são, portanto algo RELACIONAL e PESSOAL, e não técnico e informativo. Ensinar e aprender envolve obrigatoriamente um relacionamento pessoal. Nós não ensinamos matérias, nem ensinamos aulas. Ensinamos crianças, estamos treinando corações e mentes eternas. Ensinar e aprender são um processo de coração, mente para mente, espírito para espírito. É um investimento de nossas vidas. É também uma obra de fé, um trabalho de amor e uma firme esperança (1 Ts 1:2-3 :”Damos, sempre, graças a Deus por todos vós, mencionando-vos em nossas orações e, sem cessar, recordando-nos, diante do nosso Deus e Pai, da operosidade da vossa fé, da abnegação do vosso amor e da firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo “). Nenhuma criança pode aprender sem antes estabelecer um relacionamento de confiança com aquele que a ensina. O Salmo 142:4 nos declara isto: “Olha para a minha direita e vê, ninguém há que se interesse por mim, refúgio me falta, e ninguém cuida de minha alma“. O que fica claro aqui é que primeiramente uma criança precisa de amor, alguém que se interesse genuinamente por ela, que lhe ofereça refúgio, consolo, companheirismo, compreensão, amizade. Então, após este relacionamento de amor e amizade, vem o desejo de que sua alma (mente) seja ensinada, cuidada, instruída naquilo que é bom.
Muitos pais consideram que o trabalho de ensinar deve ser feito pela escola. Delegam o mandamento de Deus e o privilégio de ensinar sua próxima geração a terceiros, e se esquivam com desculpas e compromissos inadiáveis. O mandamento para ensinar em toda a Bíblia sempre foi dirigido aos pais. A palavra de Deus estabelece somente três instituições, ou três esferas de governo: a família, a igreja e o governo civil. Desta forma, a escola como instituição não existe, senão como extensão da família que lhe concede autoridade para ensinar seus filhos. Na verdade, a escola não coloca outro fundamento, mas somente pode CONFIRMAR e ESTABELECER os fundamentos que a família já tem.
Podemos observar, portanto que para que este processo de ensino e aprendizagem ocorra, a família e a escola devem estar sob uma mesma lei, e dentro de uma mesma aliança. O que a criança aprende em casa é confirmado na escola, e o que ela aprende na escola deve ser reforçado em casa. Ambos, lar e escola, devem estar fundamentados sobre os mesmos princípios, para que haja consistência no que for produzido. Está consistência produzirá na vida da criança equilíbrio, segurança, e frutificará positivamente em boas obras, em mudança de atitudes, em desenvolvimento espiritual, mental e físico. Todavia, uma série de pequenas coisas pode atrapalhar este processo. Se a criança em casa recebe um tipo de treinamento, e na escola outro está plantando dois tipos de sementes, e uma irá enfraquecer a outra. A criança pode ficar confusa, e não saber discernir o que é certo e errado, qual é o padrão a ser seguido. Se ela em casa pode ter atitudes que na escola não pode, isto certamente acarretará conflitos, e o processo e ensino-aprendizagem fica totalmente comprometido.
Os pais podem facilmente treinar negativamente seus filhos, de maneira não intencional:
Exemplo 1: Se ao darmos uma ordem a nosso filho, ele não responde na primeira, nem na segunda, mas somente quando elevamos o tom de voz ele nos ouve, estamos treinando eles para obedecerem e darem atenção somente quando o tom de voz é elevado. Então na classe o professor não consegue a atenção e a obediência do aluno a menos que ele eleve a voz. E um professor não deveria elevar a voz, muito menos os pais.
Exemplo 2: Se em casa a criança não faz a lição de casa, ou se delonga nisso, ou sempre acha uma desculpa, e os pais não corrigem, ela também não fará as atividades em sala, não dará importância a concluir as suas tarefas, e a conseqüência é um baixo rendimento.
Exemplo 3: Se uma criança não tem limites em casa em suas brincadeiras, na escola também causará problemas durante o intervalo, ou mesmo em sala não consegue discernir o limite para parar de falar, leva tudo na brincadeira.
Exemplo 4: Se os pais estão sempre muito ocupados para ver o caderno de seus filhos, e não os incentiva e elogia positivamente, apreciando o esforço e reconhecendo a melhoria, os filhos não se preocuparão em mantê-lo bem organizado e limpo e valorizá-lo.
Exemplo 5: Uma criança que não tem horário regular para fazer lição de casa, dormir, acordar, etc. ou que os pais não prezam os horários de seus compromissos, não valoriza o fazer as coisas dentro do prazo estipulado, não atenta para os horários de início e fim de uma aula, sempre acha que se pode deixar para depois.
É necessário que em casa e na escola vivamos sob um mesmo governo, o de Deus, e debaixo dos mesmos princípios, que vão orientar nossas atitudes e ações, que se constituem na base do nosso relacionamento e senso de justiça. Então nossas crianças terão duas testemunhas fiéis a lhes falar as mesmas coisas, e solidamente mostrar-lhes o caminho a seguir, e estabelecer suas vidas em fé, preparando-os para a vida futura.
Baseando-se num relacionamento de amor, tanto o lar como a escola irão ensinar usando a palavra de Deus como fundamento, que penetra no entendimento e vai produzir padrões de pensamento que irão gerar um estilo de vida produtivo, irrepreensível, justo. Como resultado teremos adolescentes e jovens que sempre saberão como aprender mais, serão capazes de autogovernar e não precisarão de contínuo controle externo de outros, ocuparão posição de destaque por sua erudição e conhecimento, e sempre usarão o raciocínio reflexivo (não serão dirigidos por impulsos) e se fundamentarão na Palavra de Deus para tomar as decisões e rumos de suas vidas.
Pastor Ivo Lídio Köhn