Autor: Pr. Ivo Lídio Köhn
Uma das figuras mais bonitas usadas por Jesus para falar da sua relação conosco e da nossa com ele é a da videira com seus ramos e frutos emJoão 15.1-8. As parreiras faziam parte da paisagem cotidiana dos israelitas e qualquer um conhecia o desenvolvimento, os cuidados e segredos de sua produtividade. Partindo do conhecido Jesus desvenda verdades espirituais profundas relacionadas à comunhão do seu povo com Ele.
Quem cuida desta terra é o lavrador, Deus, e foi Ele quem plantou e enviou Jesus, seu Filho, a esse mundo. Pela fé nós fomos enxertados nessa videira e nos alimentamos de sua seiva, que faz com que nossos ramos de vida produzam deliciosos frutos como o amor, a humildade, o perdão, a misericórdia, a bondade e todas as demais virtudes cristãs.
Vale ressaltar que a nossa produtividade, a qualidade do nosso testemunho e de nossas boas obras, depende da nossa comunhão com Cristo, do nosso envolvimento pleno e completo com Ele, pois no Vs. 5 dessa passagem Ele diz: “Porque sem mim vocês não podem fazer nada”. É indispensável que estejamos unidos em Cristo e com Cristo. Isso se torna possível pelo estudo da Sua palavra, pela oração, pela comunhão também com outros irmãos na fé e seu apoio.
Anualmente as parreiras passavam pela poda de seus ramos secos e improdutivos, processo doloroso, mas necessário para a parreira; somente dessa forma seu poder frutífero podia concentrar-se nos ramos bons. Os ramos secos eram ajuntados e queimados. Deus precisa periodicamente fazer uma poda em nossa vida daquelas coisas que atrapalham nossa produtividade, precisa cortar práticas que lhe desagradam, amizades que fazem mais mal do que bem. Qualquer processo cirúrgico, apesar da anestesia, envolve dores e sofrimento, mas é benéfico para nossa saúde física; da mesma forma ocorre com a nossa saúde espiritual.
Uma parreira cheia de cachos de uvas é a alegria e o orgulho do lavrador. Uma vida que revela os frutos da intimidade e comunhão com Jesus é a alegria do vitinicultor celestial e honra e dignifica a Ele. Por isso não basta estarmos em comunhão com a videira, que é Cristo; precisamos estar também em comunhão uns com os outros. Há na Inglaterra uma igreja em cuja entrada existe uma caixa onde o povo coloca pedidos de oração ou sugere temas para o pastor pregar. Um crente pediu que o pastor pregasse sobre “O Reconhecimento de Amigos no Céu“. O pastor atendeu e pregou um sermão abordando a questão. No domingo seguinte, após esse sermão, foi encontrado na dita caixa um papelzinho sugerindo que o pastor pregasse um sermão sobre “O Reconhecimento de Amigos na Terra”, pois, disse, o autor do bilhete: “Há seis meses que freqüento esta igreja e ninguém me deu atenção”. Será que isso não ocorre também na sua Igreja? Jamais esqueça que “pessoas precisam de pessoas para ser pessoas”, como bem pronunciou Augustine Shutte. A comunhão sadia da família de Deus abre caminho para a ajuda mútua e restauração de vidas.
A modernidade tem trazido muitas vantagens e melhorias para a vida humana, mas o corre diário, a necessidade de produzir cada vez mais para fazer frente às exigências da sociedade tem atrapalhado a comunhão das pessoas com Deus e também entre si e as tornado egoístas. Há muita superficialidade em nossos dias, muita fachada, muito faz de conta. É mais fácil não compartilhar. Por que eu vou repartir, se posso ficar com tudo para mim? Por que vou colocar uma azeitona na empada do outro, se com duas azeitonas a minha empada fica mais gostosa? Por que vou servir de escada para que outros subam? Uma das coisas que gosto numa igreja é quando nela ninguém é professor ou doutor, mas apenas “irmão”. O tratamento “irmão” indica um desejo de comunhão, e só há relacionamento entre iguais. Do jeito que a coisa anda, daqui a pouco vamos ler nas páginas dos principais jornais o seguinte anuncio: “Ofereço serviço de profeta. Oro por você, leio a Bíblia para você e ainda lhe dou a resposta de Deus para os seus problemas. Obs.: Cobro abaixo da tabela”. –
Cristo é a videira verdadeira e se você não estiver vinculado a Ele com sua vida e receber dele a seiva da vida e produtividade, seu ramo secará, tornar-se-á inútil e atrapalhará aos outros; por isso corre o risco de ser cortado e ajuntado para a queima. Você é um ramo entrelaçado com outros ramos na videira de Cristo e sua Igreja aqui na terra? Se ainda não tens certeza a esse respeito, dobre seus joelhos e convide a Cristo para entrar em sua vida e enxertar-te nele a fim de assumir a sua natureza e se tornar um com Ele.
Pastor Ivo Lídio Köhn