Autor: Pr. Ivo Lidio Köhn
Quando o casal retorna da lua-de-mel e inicia sua vida a dois no trabalho, na convivência diária no lar, na sociedade onde se encontra inserido, começam a despontar as suas diferenças. Se nas fases anteriores não eram priorizadas, agora começarão a pesar e incomodar.
A questão é muito simples de entender. Cada um tinha seu hábito e estilo de vida: Como guardar a roupa, os calçados, pendurar a toalha, guardar o material de higiene pessoal, lavar a louça, quando dormir, quando e aonde passear etc. Ninguém prestava contas a alguém, porque no seu lar cada um era considerado adulto ou os dois possivelmente já viviam fora de casa. Agora é preciso aprender a compartilhar, entender, aceitar, mudar certas coisas para que se encontre um estilo e jeito próprio e agradável a ambos. Não se pode mais pensar ou dizer: “Eu vou!” “Eu quero!” O pronome agora é: “Nós!” Antes ambos vibravam com o que tinham em comum e pensavam somente nisso; agora quando os gostos divergem é preciso aprender a respeitar-se mutuamente.
A vida sexual também requer adaptação e entrosamento. Leva tempo até que ambos se conheçam fisicamente e possam satisfazer um ao outro plenamente. Dificuldades de entrosamento nessa área sofrem os casais, que receberam informações erradas e falsas sobre a vida sexual no casamento; onde o sexo foi repassado como um mal necessário e não uma fonte de prazer.
Sofre o casal onde um foi mimado em casa e teve todas as suas vontades satisfeitas; pois para ele é óbvio que no casamento continue assim. Então os choques serão inevitáveis. Se o outro cônjuge for paciente e compreensivo, tudo bem, mas se for explosivo e de temperamento forte ocorrerão muitas tempestades, as quais poderão prejudicar o relacionamento. Um alerta aos pais que lêem essa coluna: Cuidem como criam e educam seus filhos; vocês não imaginam que diferença isso fará na felicidade futura deles. Vocês terão sua parcela de colaboração na felicidade ou desgraça matrimonial de seus filhos.
Ambos os cônjuges devem estar conscientes da normalidade dos conflitos de adaptação e buscar sempre uma solução que satisfaça a ambos. Isso é facilitado quando cada um pensa mais no bem estar do outro do que no próprio. Outro fator facilitador é não esquecer que ninguém muda ninguém. Se cada um mudar a si próprio nas coisas que desagradam o outro, estará motivando o outro a fazer a mesma coisa.
Teimosia, impaciência e orgulho são três inimigos muito fortes da adaptação matrimonial. Teimar para buscar a razão que lucro trará isso para a relação matrimonial? Que prazer terá o vencedor se o derrotado fica chateado e magoado? A vida matrimonial nunca deveria transformar-se em competição; nela não há perdedores, somente vencedores. A paciência sempre será mais proveitosa ao vínculo conjugal do que a impaciência. O cônjuge impaciente que se lembre de quanta paciência Deus tem que ter com ele; como ele não pode ser paciencioso com aquele que escolheu para compartilhar sua vida? O egoísmo não combina com felicidade matrimonial. Precisa ser eliminado do vocabulário conjugal. É “equipe” e não “euquipe”.
Quanto a adaptação à vida a dois as Escrituras nos dão os seguintes conselhos: “Longe de vós toda a amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmia, e bem assim toda malícia. Antes sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus em Cristo vos perdoou”. (Efésios 4.31-32) Na sua carta aos colossenses Paulo escreve: “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós.” (Colossenses 3.12-13)
Alguns casais não conseguem adaptar-se nunca. Conheço alguns deles. São profundamente infelizes, pois tentam viver cada um como estava acostumado no seu lar de origem. Ainda não encontraram sua própria identificação. A teimosia tornou-se crônica. Todo motor novo precisa ser amaciado para poder trabalhar bem e ter durabilidade. Nesse processo às vezes ele esquenta, mas não faltando lubrificação não fundirá. Se não faltar o óleo do amor entre o casal, a adaptação será gradativa e o entrosamento acontecerá. Tenho um casal em minha igreja que está prestes a alcançar 70 anos de vida matrimonial perfeitamente harmonioso, adaptado um ao outro.
Que Deus ilumine aos casais na fase da adaptação, para que cada um se preocupe mais com o outro que consigo mesmo e não deixem faltar o verdadeiro e genuíno amor.
Pastor Ivo Lídio Köhn