Autor: Pr. Ivo Lidio Köhn
O que é perdão? O perdão não é basicamente uma emoção, mas uma decisão. É um ato da minha vontade, não de minhas emoções. O perdão é a decisão de não levantar mais a ofensa perante três pessoas: Deus, os outros (inclusive o ofensor) e eu mesmo. Perdão é uma questão de obediência a uma ordem do Senhor, que se não perdoarmos aos que nos têm ofendido, também não perdoará as nossas transgressões. O perdão é unilateral e não depende dos méritos do ofensor. Não há limite para o perdão segundo as palavras de Jesus a Pedro em Mateus 18.21-22: “Então, Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete”. Ao perdoar podemos ver o ofensor como instrumento de Deus em nossa vida. Ao perdoar reconhecemos o direito que só Deus tem de julgar. Em nada mais somos tão semelhantes a Jesus como quando escolhemos perdoar. Quando parece que você não pode perdoar, lembre-se de quanto você foi perdoado.
Se olharmos hoje para as estatísticas de separações entre marido e mulher e entre pais e filhos (abandono do lar) temos que admitir que exista uma crise de perdão na família. Essa crise reflete uma crise conjugal, a qual por sua vez reflete uma crise espiritual. Os nossos relacionamentos horizontais dependem de nosso relacionamento vertical.
Uma família não pode subsistir sem perdão, pois sem dúvida, uns erram com os outros. O perdão é a possibilidade da convivência. Ser cristão é perdoar o imperdoável nos outros, pois Deus perdoou o imperdoável em nós. O perdão é o indicador da nossa compreensão do amor de Deus por nós. “Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós” (Cl 3.13b) Todos nós sofremos ofensas e ofendemos. Perante a ofensa exercemos a escolha: (1) Podemos perdoar ou tornar-nos ressentidos (2) Podemos amar ou odiar (3) Podemos estabelecer relacionamentos ou rompê-los. Perdoar, amar e estabelecer relações leva-nos à liberdade constante, a uma vida de sinceridade e opções e resulta em crescimento espiritual. Tornar-nos ressentidos, odiar e romper relacionamentos leva-nos a uma escravidão dentro de nós mesmos e resulta em amargura.
Perdão é cura. A humanidade nunca é tão bela como o é quando está orando por perdão ou perdoando os outros. O espírito que não perdoa é, em forma de orgulho, o matador número um da vida espiritual. Na família ocorrem ofensas quando seus integrantes não assumem seus papéis: Quando o marido não lidera em amor, não disciplina os filhos, não é o pai espiritual e o sustentador do lar; quando a esposa não respeita o marido, não cuida da casa e não é apoio ao marido e não dá orientação aos filhos; quando os filhos não obedecem e honram os pais e quando os pais não suprem as necessidades emocionais, materiais e espirituais. Cristãos em lutas uns com os outros não podem estar em paz com seu Pai celeste.
Quem não perdoa sofrerá conseqüências físicas, pois a amargura prolongada causa alguns efeitos físicos tais como úlceras, pressão alta, descargas de adrenalina etc. Ocorrem também conseqüências emocionais como a depressão.
Como perdoar? Decida perdoar. Primeiro a obediência e depois o sentimento. Nada melhor e mais agradável do que viver em plena comunhão e harmonia uns com os outros, porque um instrumento de cordas desafinado doe nos ouvidos, mas com as cordas todas afinadas emite uma harmonia de sons muito gostosa e agradável.Motive-se no exemplo de Cristo e dependa da sua graça. Busque o bem do ofensor, no mínimo pela oração, mas também na prática, não pagando mal com mal. Um dia, uma pequena menina, vestida de branco, levando um ramalhete de flores, passou por um menino que estava brincando em uma rua empoeirada. Este, ao vê-la, jogou-lhe um punhado de terra, sujando tanto o seu vestido como o seu sapato. Ela parou por uns instantes, seu rosto parecia mostrar que ela choraria, mas, em vez disso, ela sorriu e ofereceu uma flor para o menino que estava esperando para ver sua reação. Ele ficou, ao mesmo tempo, surpreso e envergonhado porque, em retribuição à sujeira, ele recebeu uma flor.
Há o tão conhecido e verdadeiro ditado que diz: “Errar é humano, perdoar divino”! Marido perdoa sua esposa; esposa perdoe seu marido; filhos perdoem vossos pais; pais perdoem vossos filhos. O perdão junto com o amor é o lubrificante das engrenagens da família que mantém o conjunto em harmonioso funcionamento.
Pastor Ivo Lídio Köhn