Autor: Pr. Ivo Lídio Köhn
Jesus quando aqui esteve deixou-nos um legado significativo: o seu Evangelho. Ele acredita e confia na renovação do ser humano, a partir da observação dos seus ensinamentos. Ele acolheu a todos, escreveu na areia as faltas dos presunçosos quando queriam apedrejar a mulher adúltera. Escolheu para seus discípulos homens simples, do povo. Quando inquirido pelo doutor da lei que desejava saber o “que é preciso fazer para possuir a vida eterna” Ele relembra o que está mesmo escrito na lei: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração e a teu próximo como a ti mesmo”. Ainda respondendo a indagação do doutor da lei: “E quem é o meu próximo?” Ele relata a parábola do Bom Samaritano: “Um homem sem nenhuma identificação de raça, nacionalidade ou condição social, é ferido e assaltado por ladrões que o deixam caído na estrada em estado de extrema necessidade. Passam por lá um sacerdote, um levita e um samaritano, mas somente o samaritano o assiste em suas necessidades”. O doutor da lei conclui que o próximo daquele homem foi o que agiu com misericórdia para com ele. E Jesus acrescenta: “Então vai e faze o mesmo”.
A questão da inclusão começa na família, em casa, no lar. Cada componente do mesmo, saudável ou doente, normal ou excepcional precisa sentir-se incluso no rol da família. Cada um precisa empenhar-se para que essa missão de inclusão familiar não seja apenas verbal, mas real e verdadeira. O lar está hoje muito desprotegido, a família muito exposta ao bombardeio de uma mídia que tem como alvo a destruição da família tradicional. Urge, portanto, um novo olhar, um fazer diferente. É preciso compreender que o egoísmo, “esta chaga da humanidade”, precisa ser abolido da Terra, e isso só será possível quando o homem compreender o processo de educação voltado para o aspecto mais profundo do ser, com a lapidação do espírito, conduzindo o homem à humanização, à compreensão de si mesmo e do seu próximo no seu mais amplo aspecto. Dentro desta perspectiva, não há mais espaço para a comodidade do individualismo, do conformismo, atribuindo à sorte e aos outros fatores as feridas provocadas pelo próprio homem que numa luta desigual contribui para ofuscar o seu irmão, iludindo-o com a idéia de que o sistema econômico e social vigente oferece igualdade de oportunidades para todos.
O tempo é hoje. “Quem sabe faz a hora não espera acontecer”. Os nossos irmãos excluídos convocam a sociedade, gritam por justiça no silêncio dos seus corações. Expressam no olhar, nos gestos a certeza das suas convicções bem estruturadas, grafando na bandeira que ostentam, construída pelo sofrimento da discriminação, palavras que só vêem os que têm “olhos de ver”. Bradam pela inclusão numa sociedade que lhes pertence, por uma vida digna, mas só escutam este grito os que têm “ouvidos de ouvir”. A inclusão social é, portanto, compromisso de todos que levantam mais alto a bandeira da fé, articulada com as ações, independente do credo, pois, como dizia Paulo, o Apóstolo: “A fé sem obras é morta”.
Pastor Ivo Lídio Köhn