Autor: Pastor Ivo lidio Köhn
Uma Igreja comprometida – Com a submissão e a obediência
Há poucos dias ouvi um pregador dizer: ”Quanto mais liberam o homem, mais insaciável ele se torna.” Refleti sobre essa declaração e constatei que ela contém uma profunda e grande verdade: “O ser humano necessita de limites.” Deus criou o homem e o colocou sobre toda a criação, mas sujeito e submisso às suas ordens, pois em Gênesis 2.15-16ª lemos:” Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar. E o Senhor Deus lhe deu esta ordem…” Subentende-se claramente aqui a submissão e obediência da criatura ao criador. Lógico que Deus não queria um robô sem vontade própria, por isso concedeu ao ser humano o livre arbítrio, a liberdade de escolha. Quais foram os frutos da desobediência e rebeldia de Adão e Eva? Expulsão do paraíso, ganhar o pão com muito trabalho e dificuldade, gerar filhos com muitas dores, inimizade entre o homem e a serpente. Tudo porque optaram pelo liberalismo de sua própria vontade, do seu desejo egoísta e carnal. Se analisarmos toda a desgraça humana em todos os tempos descobriremos que a raiz sempre foi a mesma: a falta de submissão e obediência aos princípios morais, éticos e espirituais estabelecidos pelo Criador para a felicidade da criatura.
Nosso Deus é um Deus de ordem. Isso se percebe por todas as Escrituras. Até no reino angelical existem querubins, serafins e arcanjos. Pela vontade Dele o homem deve ser submisso a Deus, a mulher ao seu marido, os filhos a seus pais, os cidadãos às autoridades, os servos aos seus senhores e a Igreja a Cristo.
Retornando ao primeiro parágrafo queremos frisar que assim como o peixe fora do seu elemento, a água, não sobrevive, o homem sem Deus apenas vegeta e nunca poderá ter vida em plenitude conforme as palavras de Jesus em João 10.10:”Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. “ Todo aquele que se submete a Deus e obedece aos seus preceitos será como o trem andando nos trilhos em direção ao destino da sua viagem. Nosso Deus sabe o que a obra prima de suas mãos necessita para o seu bem estar físico, emocional e espiritual e é seu desejo mais profundo que sejamos felizes, por essa razão precisamos ser submissos e obedientes aos seus mandamentos. Ao jovem rico Jesus disse: “Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.” (Mateus 19.17b)
A mulher deve ser submissa ao seu marido como ao Senhor, segundo a orientação paulina em Efésios 5.22: “As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor; porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da Igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo.” O movimento feminista não gosta de ouvir a palavra submissão, porque interpreta mal esse texto e muitos maridos também fazem uso incorreto dele. Estou convicto que o cristianismo dignificou a situação da mulher, a qual antes era praticamente escrava do homem, quase sem direito algum. O marido não deve ser déspota, ditador, general, mas ouvir a opinião de sua esposa, consultá-la, envolvê-la; ela precisa sentir-se ouvida, respeitada. Muitos maridos teriam menos problemas se dessem ouvidos aos conselhos e palpites da esposa. (Lembram de Pilatos e do conselho da sua esposa em relação a Jesus?) Depois de ouvir a todos os membros da família o marido, como cabeça do lar, tem a responsabilidade de tomar a decisão final. Também não estou dizendo que a mulher não deve estar no mercado de trabalho e que deve permanecer atrás das panelas, mas quero colocar com todas as letras: “Se a mulher não se sentir realizada como esposa e mãe, para a qual Deus a criou também não se sentirá feliz mesmo tendo galgado todos os degraus do sucesso profissional.”
Os filhos precisam obedecer e submeter-se aos seus pais. Esse é o mandamento de Deus com promessa: “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá.” (Gênesis 20.12) Pais que não impõem limites aos seus filhos estarão criando monstros, os quais futuramente os acusarão pelo pecado da omissão e culparão pela sua infelicidade e desgraça. Em Efésios 6.1 Paulo diz: “Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo”. Os filhos necessitam de orientação, segurança, firmeza para poderem ser moldados como barro nas mãos de um oleiro. A educação, o ensino não começa no Pré, no Jardim, na escola, e sim em casa, já nos primeiros dias de vida dos filhos. Salomão já dizia: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele.” (Provérbios 22.6) Deus reveste os pais dessa autoridade e os filhos não podem e nunca devem questionar a mesma. Se em algum lar os filhos não obedecem é porque os pais falharam em algum momento e precisam reavaliar urgentemente seus métodos. Filhos que não obedecem e se submetem aos pais também não se submeterão aos professores, terão dificuldades em seu trabalho e até mesmo de obedecer a Deus.
Em Tito 3.1 Paulo diz: “Lembra-lhes que se sujeitem aos que governam, às autoridades; sejam obedientes, estejam prontos para toda boa obra.” E aos romanos Paulo escreveu: “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; as autoridades que existem foram por ele instituídas.” (Romanos 13.1) Devemos respeito aos que são nossos superiores, pelo cargo que ocupam. Jamais o crente deve apelar para a violência, porque esta gera somente mais violência, mas sempre lutar com moderação, calma e convicção em defesa dos princípios éticos e cristãos, não sendo motivo de tropeço e escândalo, mas exemplo de vida, para que ninguém o possa recriminar, ainda que as autoridades não sejam cristãs. Nosso dever é orar e interceder pelos que tem a responsabilidade de governar.
Os servos precisam submeter-se e obedecer aos seus senhores segundo a palavra de Paulo em Efésios 6.5: “Quanto a vós outros, servos, obedeçam a vosso senhor segundo a carne com temor e tremor, na sinceridade do vosso coração, como a Cristo.” Podem ter plena certeza que muito da expansão e do crescimento da Igreja Primitiva se deve ao fato de que os escravos, os servos, depois de abraçarem a fé cristã tornaram-se melhores escravos e servos do que antes. Quantos senhores foram conquistados para Cristo graças à submissão e obediência de seus servos. Que servo é você? Que serva é você? Você leva seu senhor à justiça ou serve a ele em amor, com gratidão? Claro que sempre houve os senhores exploradores de seus servos, mas ainda assim o servo alcançará mais pelo caminho da submissão e obediência do que da rebeldia e violência.
A Igreja tem o compromisso de ensinar e pregar esses princípios da submissão e obediência porque fazem parte da vida e fé cristã. Ela, própria, precisa dar seu exemplo sendo submissa e obediente ao cabeça, que é Cristo. Em Efésios 5.24 Paulo escreve: “Como, porém a igreja está sujeita a Cristo…” Ele tem esse direito, porque a resgatou e comprou com seu precioso sangue, com a expiação de sua vida, como sua propriedade exclusiva conforme Hebreus 2.9:”…povo de propriedade exclusiva de Deus…” A Igreja precisa seguir ao que a palavra diz, pois essa foi a declaração do seu cabeça em João 5.39: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim.” Uma Igreja que não é cristocêntrica, onde tudo não gira ao redor de Cristo como eixo central; que não é alicerçada em sua edificação sobre o fundamento de Cristo e da palavra dos profetas e apóstolos, perde a sua identidade deixando de ser Igreja e transformando-se em mera sociedade.
Ser submisso e obediente não é sinônimo de humilhação e perda de direitos, mas de sabedoria e inteligência, porque sempre nos dignificará e nos trará paz interior, realização e felicidade, pois é o caminho traçado pelo Criador para a felicidade da criatura humana.