Em toda história do ser humano, sempre houveram idas e vindas, altos e baixos, períodos próximos de Deus e distantes de Deus. Sempre que o homem optou em viver longe de Deus, sofreu as consequências até que caísse em si e desejasse retornar, arrependido do seu pecado. Deus então levanta alguém que lidere seu povo neste retorno. Foi assim no tempo de Moisés, Gideão, Sansão, Saul, Davi e também na história da igreja continuam a se repetir os mesmos episódios. E ocorre assim o grande e sucessivo declínio da igreja cristã, que vai desde o quarto século até os idos de mil e quinhentos. A data exata, foi definida como 31 de outubro de 1517, como marco do retorno, o nome determinante, Martinho Lutero. Mas é claro que não aconteceu tudo em um dia apenas e muito menos através de um homem, somente. Para sermos justos teremos de lembrar, também de Valdo, Wycliff, Huss, Savonarola, Zwínglio, Calvino e muitos outros, precursores, conterrâneos e posteriores da reforma da igreja, e isto já engloba alguns séculos. Muitos que pagaram preço muito mais alto do que o que foi pago por Lutero. Milhares pagaram com a própria vida, e através das formas de morte mais horrenda imaginável. A maioria dos reformadores inspirou-se nas ideologias e teologias de Wyclif, conhecido como “Estrela Dalva Da Reforma”, que viveu até 31 de dezembro de 1384, sendo por isto, por muitos, como congregacionais, batistas, metodistas, etc. considerado como sendo ele o seu precursor ou mesmo fundador.
O congregacionalismo, em sua origem, não tem, diretamente, muito a ver com a reforma, ocorrida em 1517. Exceto os ideais defendidos e que fervilhavam na mente e no coração de todos os que, na época, tomavam conhecimento da verdade contida na Bíblia. Tem sim, a considerar o momento como um tremendo e necessário passo. Por isto, nos somamos com todo o povo cristão, para celebrar este feito indispensável para os rumos da história eclesiástica. Devemos muito a estes renomados reformadores, da mesma forma como devemos aos anônimos reformadores de toda a Europa. No caso do congregacionalismo, que surge oficialmente na Inglaterra, anos após a data áurea da reforma protestante. O movimento surge na Inglaterra, depois que em 1534 a igreja inglesa rompe com a igreja romana, e instala-se na Inglaterra uma igreja estatal, denominada de Anglicana. É dentro da igreja Anglicana, que é uma igreja católica dissidente da igreja católica romana, que surge um grupo de pessoas, denominados de separatistas, porque desejavam separar a igreja, do governo politico e em seguida, também chamados de puritanos, mesmo que as vezes de forma pejorativa, porque criam que a Palavra de Deus era para ser vivida todos os dias, ou seja, desejavam viver pura e retamente de acordo com a Bíblia todos os dias e em todos os lugares. Tinham como principal inspiração o reformador João Calvino, teólogo francês que deu origem as igrejas reformadas. É deste grupo que se manifesta desde 1550, que se levanta Robert Brown, que em 1580, registra oficialmente as primeiras ideias congregacionalistas. Que surge muito mais como um estilo de igreja do que como denominação, pois defendiam que a igreja não poderia estar sob o comando do rei, mas que deveria ter vida própria, sendo que a igreja local é que escolhia os seus líderes, professores e pastores, e por isto a palavra “congregacional” que vem de congregação. É deste grupo, que alguns fogem da perseguição, para a Holanda e mais tarde em 1620, migram para os Estados Unidos, ondem exercem profunda influência no desenvolvimento desta nação. E de onde, mais tarde foram enviados os superintendentes para auxiliar a igreja na Argentina e posteriormente, também para o Brasil.
A IECB E A REFORMA DA IGREJA
A IECB assim como a IEC da Argentina que tem na sua origem, na sua maioria, dissidentes do luteranismo, se enquadra por isto, como um movimento que foi nominado de pietismo. Que se refere justamente, a um grupo de pessoas descontentes com a igreja a qual pertenciam, em vista do liberalismo reinante, e desejavam levar uma vida pia, ou seja, a semelhança do movimento que surge dentro da igreja Anglicana, onde estavam os puritanos, também os pietistas, alimentavam este anelo pela vivência séria da Palavra de Deus. Os quais existiam em todos os países, sendo que nossa história envolve os da Argentina e Brasil. Por vias, humanamente não planejadas, mas conduzidas por Deus, estes pietistas, acabaram tendo contato com a igreja congregacional norteamericana, e assim adotaram o nome denominacional “Congregacional”. Sendo na essência pietistas com nome de puritanos. Pelo pietismo a IECB tem a ver com o luteranismo, pelo nome congregacional tem mais a ver com o anglicanismo. De qualquer forma, somos a IECB, com jeito próprio de ser. Não somos luteranos nem anglicanos, somos a Igreja Evangélica Congregacional do Brasil, oficialmente registrada em 11 de janeiro de 1942.
Celebramos a reforma da igreja, porque reconhecemos que fazemos parte da história da igreja cristã que ao longo de sua história necessitou fazer retomadas a pureza do evangelho, como hoje, outra vez carece, em termos gerais, retornar outra vez para a essência bíblica. Reconhecemos os atos heroicos destes antepassados, irmãos nossos, que arriscaram a vida e muitos realmente foram martirizados para que a Bíblia estivesse acessível ao povo, no idioma do povo. O seu empenho de fazer a Palavra de Deus compreensível ao povo. Revelando um Deus de amor e graça. As bases da reforma com suas cinco solas, continuam a nos inspirar: Sola Fide (somente a fé), Sola Scriptura (somente a Escritura), Solus Christus (somente Cristo), Sola Gratia (somente a graça), Soli Deo Gloria (glória somente a Deus), assim como inspiraram os reformadores, os puritanos e pietistas, cada qual no seu tempo e particularidade. Celebramos os 500 anos da reforma pelo marco reformista representado, sem idolatrar um nome ou data, mas valorizando os poderosos feitos do Senhor em favor da sua igreja, usando homens pecadores que se permitiram ser instrumentos nas mãos de Deus, para a edificação da igreja em honra e glórias a Deus.